O Espaço Público recebe a escritora mineira Conceição Evaristo, um dos nomes aplaudidos pela crítica literária. Da infância pobre numa favela de Belo Horizonte, a autora traz em sua história de vida, luta e perseverança.
O trabalho como empregada doméstica desde os oito anos de idade não impediu que ela se tornasse amante das letras e concluísse os cursos de mestrado pela PUC-Rio e doutorado em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense. "Ser escritor no Brasil é uma situação difícil. Para as mulheres negras é mais difícil ainda justamente por causa do imaginário que se tem. As mulheres negras podem fazer tudo, mas não são escritoras, não são intelectuais. Isso em função do imaginário que ainda existe", explica.
O estilo adotado pela autora tem um tom particular que ela chama de "escrevivência": a materialização em palavras da condição e experiência negra no Brasil. Em cinco obras publicadas, Conceição navega por poesias, prosas e ensaios literários e fala sobre questões de gênero e realidade social. "Brancos e negros estão tendo coragem de por o dedo na ferida e de falar sobre o racismo, mas acho que a gente ainda tem um longo caminho a percorrer até que as mulheres negras na sua maioria possam gozar de uma cidadania plena. (…) O problema do racismo não é um problema dos negros. É um problema da nação brasileira”, defende a escritora.
No Salão do Livro em Paris, Conceção Evaristo lançou a tradução do seu primeiro romance, escrito em 2003, "Ponciá Vicêncio". A obra narra a mudança da personagem Ponciá do meio rural para uma favela num centro urbano.
O livro mais recente intitulado "Olhos d'água" traz relatos de homens, mulheres e crianças vivenciando a dor, a violência, mas também a fé e a esperança.
Apresentador pelos jornalistas Paulo Moreira Leite e Florestan Fernandes Júnior, esta edição do programa Espaço Público tem a presença do também jornalista, poeta e professor, Marcos Fabrício Lopes.
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