Quinze anos antes que o Brasil começasse a discutir as políticas públicas para identificação, reconhecimento e valorização da diversidade cultural, o pernambucano Antonio Nóbrega já havia criado o personagem Tonheta.
Definido por Nóbrega como um “industrioso, misto de pícaro, bufão, palhaço, arlequim, vagabundo ou sei lá mais o quê”, o personagem é um carroceiro que encarna os tipos populares regionais brasileiros na sua essência criativa e brincante.
Hoje, Nóbrega e Tonheta convivem como uma única pessoa. É impossível separar o criador da criatura, assim como é impossível não reconhecer Antônio Nóbrega como um dos principais artistas empenhados na divulgação das culturas populares no Brasil e no mundo.
Com trabalho respeitado aqui e no exterior, a trajetória de Antônio Nóbrega tem pontos em comum com a dos pesquisadores que, por identificação ou magia, penetram o universo dos saberes populares e dali não saem mais.
Violinista, cantor, dançarino e ator, Nóbrega tem formação clássica como violinista e cantor. Seu interesse pelas artes populares ocorreu em 1971 quando, a convite do dramaturgo Ariano Suassuna ou a integrar o Quinteto Armorial. Com o Armorial excursiona pelo mundo divulgando a música tradicional nordestina.
A partir daí e da consequente criação de Tonheta e da Escola e Teatro Brincante sediada em São Paulo, Nóbrega aplica teoria e prática das culturas tradicionais brasileiras. Ele busca, também, na obra de pesquisadores como Mário de Andrade, fundamentos para enriquecer a linguagem espetacular, isto é, as manifestações orais-rítmicas, como danças, pantomima, circo, ventriloquismo e outras, que tornam o espetáculo possível e encantador.
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