O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou uma reunião nesta terça-feira (28/1), no Palácio do Planalto, para discutir o tratamento degradante dado pelas autoridades norte-americanas a 88 brasileiros deportados dos Estados Unidos. Eles chegaram em Manaus na sexta-feira (24/1) em um avião militar, algemados nas mãos e acorrentados nos pés, e relataram agressões durante o voo.
Participam do encontro com Lula o vice-presidente Geraldo Alckmin, os ministros da Justiça, da Defesa, dos Direitos Humanos, das Relações Exteriores, o comandante da Aeronáutica e o diretor-geral da Polícia Federal.
Até o momento o governo dos Estados Unidos não respondeu ao pedido de esclarecimentos do governo brasileiro em relação às condições consideradas degradantes dos brasileiros deportados.
Nessa segunda-feira (27/1), o Ministério das Relações Exteriores convocou o encarregado de negócios da embaixada dos Estados Unidos, Gabriel Escobar, e na conversa reforçou o pedido de esclarecimentos. Segundo o Itamaraty, Brasil e Estados Unidos têm um acordo mútuo que prevê tratamento digno e humanitário para os deportados, o que não aconteceu. Além disso, em respeito à soberania nacional, os ageiros não deveriam estar algemados e acorrentados. A embaixada dos Estados Unidos confirmou o encontro e se referiu a ele como uma reunião técnica, mas não deu detalhes sobre o que foi conversado.
Também ontem, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, Andrei Rodrigues, diretor-geral da Polícia Federal, falou sobre o assunto. Ele afirmou que não havia necessidades do uso de algemas e correntes nos deportados brasileiros. “Cada país tem as suas definições e as suas regras. Nós, por exemplo, temos uma análise de risco feita para que, caso a caso, a gente analise se há necessidade ou não de fazer a contenção por algemas das pessoas. Há também a soberania do piloto, que é o comandante da aeronave, para determinar que se algeme ou não para que se tenha um voo tranquilo. O grande foco aqui é a segurança do voo. Portanto, não há justificativa para que pessoas que não são presidiários, que não oferecem risco nenhum, que estão no seu próprio país, estejam acorrentadas e sejam subjugadas e maltratadas”, disse Andrei.
Clique aqui para saber como sintonizar a programação da TV Brasil.