Começou, nesta quinta-feira (13), no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, o julgamento de dois dos acusados de espancamento até a morte do congolês Moïse Kabagambe em uma barraca de praia, aqui no Rio, em janeiro de 2022. São eles Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca e Fábio Pirineus da Silva. O terceiro acusado, Brendon Alexander Luz da Silva, será julgado em um outro processo.
Os três respondem por homicídio triplamente qualificado: motivo fútil, emprego de meio cruel e sem possibilidade de defesa da vítima. Segundo a família, Moïse Kabagambe foi cobrar uma dívida referente a duas diárias de trabalho, o que caracteriza o motivo fútil. O emprego de meio cruel e a impossibilidade de defesa da vítima são evidenciados pelo fato de que, durante a sessão de espancamento, que teria durado 13 minutos, ele teve mãos e pés amarrados, impossibilitando qualquer reação. Ele chegou a gesticular pedindo para que parassem as agressões, mas nem assim os agressores interromperam o ataque.
A primeira testemunha a ser ouvida é considerada chave: Jailton Campos. De acordo com a defesa, foi por conta dele que os acusados agrediram Moïse, supostamente para defender um idoso que teve um desentendimento com a vítima. Em um momento do julgamento, a acusação questionou a real ocupação de Jailton e apresentou um vídeo em que ele aparece vendendo latões de cerveja enquanto o corpo de Moïse já estava estendido no chão, o que gerou grande comoção entre os familiares presentes no plenário.
O julgamento segue com a previsão de ouvir 23 testemunhas e deve durar pelo menos até amanhã.
Moïse Kabagambe era um jovem congolês de 24 anos que sonhava em trabalhar com culinária. Veio para o Brasil fugindo da guerra na República Democrática do Congo, um conflito que já dura quase 30 anos e é considerado o mais mortal desde a Segunda Guerra Mundial. Com quase cinco milhões e meio de mortes, o confronto é marcado por massacres, limpeza étnica e tráfico humano.
O jovem tinha apenas 11 anos quando chegou no Brasil, acompanhado de outros três irmãos. Eles eram cuidados pelo irmão mais velho, que tinha 15 anos na época. A mãe só conseguiu vir anos depois.
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