Uma escavação no centro de Salvador pode revelar um capítulo importante da nossa história. Pesquisadores investigam a área onde teria funcionado o primeiro cemitério público da cidade.
Desde o início das escavações no estacionamento da Pupileira em Salvador, 12 dias se aram. Não é apenas o solo que está sendo explorado, mas também parte da história do Brasil. Isso porque há indícios que o local abriu o antigo cemitério do Campo da Pólvora.
Estima-se que cerca de 100 mil pessoas estejam sepultadas ali. Em coletiva de imprensa, os arqueólogos apresentaram o andamento da pesquisa e os principais achados, entre eles ossos e dentes.
Depois das primeiras escavações, o próximo o vai ser encaminhar todo o material encontrado para análise. Esse esforço tem como objetivo desenterrar a história do atual sítio arqueológico Cemitério dos Africanos. Segundo a tese da Silvana Olivieri, o cemitério destinado ao sepultamento de pessoas escravizadas funcionou por cerca de 150 anos.
A descoberta tem importância histórica e simbólica. As escavações iniciadas no dia 14 de maio buscam resgatar memórias apagadas pelo tempo. A pesquisa é uma forma de reacender a resistência e de fazer justiça ancestral e espiritual. Como pensar reparação desde o ponto de vista espiritual, já que foram sepultados de forma indigna, sem respeito aos ritos funerários, sem consideração pela dignidade daquelas pessoas até a reparação material.
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