O cultivo do algodão é parte da identidade da América Latina. Indígenas do povo Pijao, na Colômbia, têm a fibra no DNA. A agricultora Elisa Pietro, por exemplo, conta que o algodão abre caminho para que mulheres consigam sustentar suas famílias. “A produção nos permite ter liderança e ganhar dinheiro”, ensina Elisa.
Em grandes cidades, colombianas que trabalham em confecções também colhem os frutos do cultivo. “Graças ao algodão, podemos levar nossos filhos e nossas famílias em frente”, diz a operária Zoraida Cárdenas.
A terra natal da Zoraida e da Elisa é um dos principais atores do programa que tenta fortalecer a cadeia produtiva na região. Liderado pelo Brasil, por meio da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Itamaraty, e em parceria com a Embrapa e a Empaer-PB, o “Projeto + Algodão” envolve sete países – Argentina, Bolívia, Colômbia, Equador, Haiti, Paraguai e Peru – e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
Conhecido como “ouro branco”, o algodão – cujo dia mundial é celebrado em 7 de outubro – gera renda e emprego principalmente nas pequenas propriedades. “A maioria das pessoas que fazem parte do projeto de cooperação são agricultores familiares”, afirma o diretor de Assistência Técnica da Empaer (Empresa Paraibana de Pesquisa, Extensão Rural e Regularização Fundiária), Jefferson Morais, que também esteve na Colômbia.
Por meio desse programa, populações vulneráveis recebem sementes e fios de graça, mulheres estão sendo preparadas para empreender e técnicas que respeitam o Meio Ambiente têm sido compartilhadas.
E para mostrar como o projeto funciona, o Caminhos da Reportagem, da TV Brasil, foi das áreas desérticas ao litoral da Colômbia. Uma das dúvidas mais comuns é estimular o cultivo nos países vizinhos, em vez de aplicar todos os recursos em solo brasileiro.
“A extensão da produção para outros países, que têm outros climas e outras situações geográficas, pode, se nós enfrentarmos uma dificuldade, equilibrar o mercado brasileiro”, explica o embaixador do Brasil na Colômbia, Paulo Estivallet de Mesquita. O embaixador também se recorda que o Brasil “superou uma crise terrível nos anos 1980 e 1990 para se tornar o maior exportador mundial do produto”.
Posição que o país conquistou este ano, quando superou os Estados Unidos. Além disso, o Brasil é o maior produtor de algodão sustentável e o terceiro maior produtor de algodão tradicional. Só China e Índia têm mais cultivo. Os dados são da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão e da Textile Exchange, uma organização internacional sem fins lucrativos que tem foco na sustentabilidade.
É essa guinada que o Brasil quer espalhar pela região. Mudança que teve como estopim, por sinal, uma disputa contra o governo norte-americano. O Brasil contestou, na Organização Mundial do Comércio, subsídios que os Estados Unidos concediam a seus produtores. Um longo embate que terminou em 2014. Após 12 anos de disputa, os americanos tiveram que pagar US$ 300 milhões ao Brasil. Na cotação atual, isso corresponde a R$ 1,6 bilhão.
“No acordo entre Brasil e Estados Unidos, ficou acertado que 10% do volume de recursos que eles pagariam ao Brasil seriam canalizados para a cooperação internacional”, lembra a coordenadora da Cooperação Sul-Sul Trilateral da Agência Brasileira de Cooperação, Cecilia Malaguti.
Ficha técnica
Produção e reportagem: Flavia Peixoto
Reportagem cinematográfica: Rogerio Verçoza
Auxílio técnico: Rafael Calado
Edição de texto: Paulo Leite
Edição de imagem e finalização: André Eustáquio
Design: Silvino Mendonça
Videografismo: Alex Sakata
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