Em uma medida muito controversa, o governo do presidente Donald Trump resolveu acolher um grupo de sul-africanos brancos, sob a justificativa de perseguição racial. A alegação é contestada pelo governo da África do Sul. O grupo com 59 sul-africanos brancos chegou aos Estados Unidos nessa segunda-feira (12), onde deve receber status de refugiado.
O presidente Donald Trump justificou o acolhimento dizendo que o grupo havia sido “vítima de discriminação racial”. Já o governo sul-africano afirmou que eles não sofriam nenhum tipo de perseguição que justifique a concessão da condição de refugiados.
A aceitação do pedido de asilo contrasta com as últimas decisões do governo Trump que suspendeu todas as outras issões de refugiados, inclusive de pessoas vindas de zonas de guerra. Além disso, o processamento de pedidos de refúgio nos Estados Unidos costuma demorar bastante tempo, mas esse grupo teve o processo acelerado.
A Agência de Refugiados da Organização das Nações Unidas (Acnur) confirmou à rede de notícias BBC que não participou desta triagem, como geralmente ocorre. Questionado sobre por que os pedidos de refúgio deste grupo foram processados mais rapidamente do que os de outros grupos, Trump respondeu que estaria ocorrendo um “genocídio na África do Sul e que os agricultores brancos estariam sendo especificamente visados”. As alegações, no entanto, já foram amplamente desacreditadas.
Trump e seu conselheiro, o sul-africano Elon Musk, acusam o governo sul-africano de confiscar terras de agricultores brancos sem compensação. Em janeiro, o presidente Cyril Ramaphosa sancionou uma lei que permite ao governo confiscar propriedades privadas sem indenização, em determinadas circunstâncias, quando isso for considerado justo e de interesse público. O governo sul-africano justifica a medida como forma de acelerar a reforma agrária no país, praticamente estagnada desde o fim do sistema racista do apartheid, em 1994. No entanto, Ramaphosa afirma que nenhuma terra foi confiscada com base nessa legislação até agora.
Segundo dados de 2017, apenas 4% das terras privadas na África do Sul estavam nas mãos de negros, embora eles sejam mais de 90% da população do país. O apartheid cultivava ideias supremacistas e segregou e perseguiu a maioria negra do país por quase cinco décadas.
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