Uma das primeiras medidas tomadas pelos governos durante a pandemia foi o fechamento das escolas. Crianças e adolescentes aram a ter aulas online.
Uma medida necessária para conter o avanço da doença, mas que teve consequências na socialização e no aprendizado dos estudantes. Esse é o assunto da nossa terceira reportagem da série sobre os cinco anos da pandemia de Covid-19. A reportagem é do Antônio Trindade, a edição da Iara Balduíno e do Carlos Aguiar.
A rotina durante a pandemia era só levantar, comer e o meu pai, ele trabalhava, o único celular que eu tinha era o dele. E não dava para me assistir às aulas, só às vezes. Então eu não assistia e levava muita falta. Quase que eu reprovei também por causa disso e foi muito ruim.
Escolas fechadas. Crianças e adolescentes sem sair de casa. Numa fase em que a socialização é essencial, a pandemia mudou radicalmente a forma de aprender. A luz agora era uma tela virtual.
Mas e as famílias com dificuldade de o às tecnologias? Segundo o IBGE, no início da pandemia, 4,3 milhões alunos não tinham conexão de internet, a maioria deles na rede pública.
Mesmo para famílias com mais estrutura para aulas online, os desafios foram muitos.
As aulas virtuais, combinadas com o isolamento, tornaram o aprendizado mais difícil, principalmente na alfabetização. O Brasil saiu da pandemia com 30% das crianças de 8 anos sem saber ler, o dobro do índice registrado em 2019.
Até hoje, essa geração da pandemia, a gente teve uma dificuldade muito grande, a gente teve que fazer aulas de reforço, a gente teve que fazer, além de outras campanhas, teve que trazer psicólogos para a escola para fazer palestras, então a gente teve que fazer como se fosse um tratamento de choque, porque muitos em sala de aula são cobrados, faz isso, faz aquilo, quando ele está lá ele tem que estudar no ritmo dele e ele não tem essa maturidade.
A servidora pública Michelle Pimenta precisou conciliar o home office com as demandas dos filhos Guilherme e Luíza.
Foi um período bem triste mesmo, porque não dava tempo, a gente não sabia manusear a ferramenta que a gente tinha naquele momento, a escola também não sabia, tinha várias intercorrências, caía sinal, caía o programa, e a gente tinha que correr atrás de tudo isso pra fazer dever de casa, manter a criança naquele período que tava estudando sentadinha. Olhando pra tela pra tentar aprender junto com o professor, então eu corria pra um lado, ajudava um, não ia pro outro, ajudava o outro e tentando fazer o melhor possível, mas foi bem sofrido.
Quando as escolas começaram a reabrir, entre 2021 e 2022, dois em cada três estudantes dos anos finais do Fundamental e Ensino Médio, relataram problemas de ansiedade e depressão. Os sintomas mais comuns eram dificuldade de concentração, cansaço, problemas para dormir e perda de confiança em si mesmo.
Apesar das crianças e adolescente não terem sido as principais vítimas diretas da Covid-19, a gente fala que eles foram as vítimas ocultas, justamente porque os adolescentes e as crianças perderam muito o estilo de vida que eles tinham antes da pandemia, pelo isolamento social, pela mudança de rotina. Eu era muito nova para entender isso, eu era criança que era para estar brincando na rua, brincando de boneca e essas coisas, mas infelizmente não deu.
Veja mais:
1ª reportagem da série: Covid-19: 5 anos da pandemia que parou o mundo
2ª reportagem da série: Covid-19: série mostra o que podemos aprender após 5 anos da pandemia
3º reportagem da série: Sobreviventes da covid-19 convivem com sequelas emocionais e físicas
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