Esta semana, nós mostramos aqui no Reporter Brasil as consequências da pandemia do coronavírus no mundo e da política negacionista adotada no Brasil durante aquele período.
Foram milhares de mortes, crises de saúde mental, prejuízos na socialização das crianças também. Mas o que ficou de aprendizado? E o que podemos esperar no futuro, caso surjam novas doenças desconhecidas?
É o que a gente vai ver na última reportagem da série sobre os cinco anos da Covid-19. A reportagem é do Antônio Trindade, edição da Iara Balduíno e do Carlos Aguiar.
Quando a pandemia começou, o virologista Bergmann Moraes, da Universidade de Brasília, pesquisava o vírus da zika. Com a nova doença, o objeto de estudo dele mudou, e Moraes foi um dos muitos cientistas de todo o planeta que ou a fazer o sequenciamento genético do SARS-CoV-2.
'Esse sequenciamento que a gente fez, nós mandamos para um banco de dados de vírus que causam doença em humanos. Não existe um banco de dados mundial em que todos os vírus respiratórios, como, por exemplo, vírus da gripe e o coronavírus agora, são depositados esse genômio'.
Além de identificar as variantes, o sequenciamento foi importante para conhecer melhor a Covid e desenvolver novas tecnologias na área de saúde. Foi a primeira vez que as vacinas de RNA de vírus foram utilizadas em massa. Mesmo inovadoras, elas estão longe de serem experimentais. As pesquisas de desenvolvimento desse tipo de imunizante começaram ainda nos anos 90 e aceleraram nas últimas duas décadas. E os estudos para as novas tecnologias de produção de vacina seguem avançando, inclusive aqui no Brasil.
'Fomos, inclusive, agraciados pela Organização Mundial de Saúde, OPAs, para sermos o hub de produção desse desenvolvimento e produção dessa vacina aqui na América Latina. Nós temos o compromisso, de tendo êxito, de compartilhar a tecnologia para outros produtores e também produzir para a região, para que não haja o que aconteceu durante a pandemia. Países mais pobres, populações mais pobres sem o à vacina. E é importante que essa tecnologia vai permitir também desenvolver produtos para outras doenças, doenças oncológicas, por exemplo. Então nós estamos em todas essas frentes com essa plataforma de RNA mensageiro'.
Mas a pandemia foi marcada também, e principalmente, por desafios. Entre eles, a comunicação e o combate às notícias falsas.
'Era muito complicado ter que explicar as decisões que estavam sendo tomadas com muito pouca informação disponível. As falhas de comunicação que a gente teve no começo foram muito graves porque ninguém, mesmo nas agências internacionais, mesmo no OMS, os representantes que falavam diretamente com a população, com a imprensa, não estavam preparados para comunicar incertezas, para comunicar o que a gente não sabia'.
'Todos os planos de preparação dos países se mostraram insuficientes. Eu creio que é importante revisar o que ou, aprender e aperfeiçoar a capacidade em cada país de fazer a sua resposta melhor no caso de termos, tanto uma nova pandemia, mas também para responder as epidemias do presente'.
E o futuro? Com o agravamento da crise climática, as chances de novas doenças e pandemias são cada vez maiores. Os acertos e os erros do enfrentamento à Covid-19 podem servir de norte. Mas será que a humanidade entendeu a gravidade do que pode vir pela frente?
Em janeiro, a morte de uma pessoa por gripe aviária nos Estados Unidos acendeu um alerta. Mesmo assim, o governo estadunidense não desistiu de sair da Organização Mundial da Saúde. Washington também suspendeu o ree de bilhões de dólares para gastos com ajuda humanitária em países pobres, inclusive os de combate a doenças transmissíveis como a AIDS e a tuberculose.
'A OMS coordena as ações de saúde no mundo inteiro. Tem países que não têm recursos, não têm dinheiro. Então a OMS vai lá e ajuda a organizar a vacinação, os países colocam dinheiro para a produção, dão vacinas para que esses países tenham a vacinação. Se a gente se preocupar só com nós, só com os Estados Unidos, só com o Brasil e deixar países pobres ao Deus dará, nesses países pobres surgirão os novos vírus que entrarão nos países que têm vacina e vão infectar também as pessoas. Então assim, não adianta se isolar no mundo. Quanto mais isolado, pior, quanto mais a gente integrar o mundo inteiro, mais o mundo vai estar protegido'.
Veja mais:
1ª reportagem da série: Covid-19: 5 anos da pandemia que parou o mundo
2ª reportagem da série: Covid-19: série mostra o que podemos aprender após 5 anos da pandemia
3º reportagem da série: Sobreviventes da covid-19 convivem com sequelas emocionais e físicas
4º reportagem da série: Covid-19: pandemia prejudicou socialização e aprendizado nas escolas
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