O Brasil tem pelo menos 1,7 milhão de indígenas autodeclarados, distribuídos em 305 etnias. Esse universo fala cerca de 274 línguas diferentes, segundo o último Censo do IBGE, feito em 2022.
Para catalogar essas línguas e culturas, São Paulo ganhou um centro de documentação inédito. A iniciativa é coordenada pelo Museu da Língua Portuguesa e pelo Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (USP).
A criação do centro também está alinhada com a declaração da Unesco, que instituiu o período de 2022 a 2032 como a Década Internacional das Línguas Indígenas.
Segundo os organizadores, o projeto une a capacidade de comunicação e exposição do Museu da Língua Portuguesa com a experiência acadêmica e de pesquisa do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP, criando uma ação conjunta voltada ao estudo aprofundado, de longo prazo, e à difusão do conhecimento sobre os povos indígenas no Brasil.
De acordo com a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, o centro representa um marco para o registro e valorização da diversidade indígena:
“Aqui, agora tem essa garantia de um centro de documentação de língua e cultura que vai registrar e trazer toda essa diversidade dos povos indígenas do Brasil. Será uma referência para todos os povos.”
Com financiamento de R$ 14 milhões da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), a proposta é desenvolver pesquisas e criar coleções digitais para disseminar esse conhecimento.
Além disso, o centro vai oferecer bolsas para pesquisadores indígenas e criar uma posição permanente de professor na USP dedicada à temática. A meta é também formar alunos com um conhecimento ampliado que contribua para práticas profissionais mais conectadas com a realidade indígena.
O projeto é também um reconhecimento da luta dos povos originários pela preservação das mais de 170 línguas faladas no Brasil. A ideia é que cada novo espaço de ocupação acadêmica indígena fortaleça suas epistemologias e suas causas.
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